Ontem recebi uma visita inusitada. Meu pai veio me ver. Ele estava
melhor do que eu imaginava. Estava com o rosto corado, diferentemente da última
vez em que o vi em que estava pálido, em cima de uma cama, comendo e respirando
com a ajuda de aparelhos. Parece que a reaproximação dele com mamãe havia o
feito muito bem.
Com esse tempo em casa, aproveitei para enfeitar cada vez
mais os quartos dos bebes. Eu estava gastando muito com o quarto deles, que
segundo Stella, era um gasto desnecessário. Minha mãe, como sempre, me
defendendo, sempre dizia que quando nasci ela era três vezes pior. E sempre depois
de uma discussão, acabávamos com pizza, e morango com chocolate. Para uma
gestante, o certo é que você vá dormir cedo, e o “médico” Efron também dizia a
mesma coisa. “Você tem que dormir cedo.” Ou “Os meus filhos estão agitados por
que a mãe deles não para quieta.” Quem sabe, um dia eu o escutaria. Eu durmo a
hora que eu quiser. Isso não influencia no crescimento dos bebes. Quando que
ele iria entender isso? Ele também pegou uma “licença” na empresa. Ele era o
dono, podia ficar o tempo que quisesse fora. Tinha pessoas confiáveis lá
dentro, então não se preocupava com isso. Às vezes, ficava até tarde no
telefone resolvendo alguns problemas que necessitavam dele.
-Tudo bem princesa? –Dylan entrou em meu quarto enquanto eu
estava mergulhada nos meus pensamentos.
-Está sim Dyh. –Ele se deitou ao meu lado, e posicionou sua
cabeça em minhas pernas.
-Parece triste. –Comecei a fazer cafuné em sua cabeça.
-Não estou... –Parei um pouco antes de continuar a falar. –Só
estou um pouco pensativa.
-E o que anda por esses pensamentos?
-Não sei... Eu acho que ter ele aqui está me fazendo bem.
-Ele quem?
-Efron. Ele tem se mostrado muito diferente do que eu
imaginava...
(Narração – Zac)
Havia acabado de descer para tomar uma água, e quando estava
voltado ao quarto de hospedes, ouvi Dylan e Hudgens conversando.
-Ele quem?
-Efron. Ele tem se
mostrado muito diferente do que eu imaginava...
-Ele está
surpreendendo a todos nós. Nunca imaginei que...
-Que...?
-Ele seria capaz de
amar assim.
-Tudo pode mudar... E
ele principalmente, está mudando com tudo isso acontecendo. A gravidez, a nossa
reaproximação... Tudo aconteceu tão
rápido que ainda não tive tempo de ter uma conversa franca com ele.
-Sobre?
-Nós. Não vou mentir,
ele tem me feito bem. Não sei às vezes ele é tão imprevisível que chega a me
assustar. Mais em outros momentos, ele parece tão ele... Tão menino. Tão
especial quanto ele era quando éramos pequenos.
-Você quer falar com
ele sobre isso?
-Ainda não... Eu acho
que ainda não é a hora. Eu acho que se eu for tocar nesse assunto, eu vou
acabar estragando esse momento que estamos tendo... Quem sabe mais pra frente.
Ouvir Hudgens falando daquela forma, tão natural me fez
pensar por alguns segundos que aquilo era um sonho. Vê-la tão angelical deitada
naquela cama, esperando dois filhos meus, formou algo dentro de mim que eu mal
conseguia explicar até para mim mesmo. Os deixei conversando e fui para o
quarto que tinha reservado para mim e comecei a pensar.
Os flashes do passado começaram vir à tona. E até mesmo me xingava
por perceber o quão idiota eu fui. Acusei-a sem provas, só pelo simples fato de
estar com raiva dela... Mas também a amei tão incondicionalmente, que faria de
tudo para ter aquela mulher junto de mim novamente. Ela é uma princesa. Linda,
perfeita e mãe dos meus filhos. Me coloquei então a pensar no futuro. Como
seria ser pai de gêmeos? Como seria ser um pai de família e ensinar o caminho
certo aos meus filhos? Será que depois de tudo, Vanessa ainda vai me amar como
um dia ela amou? Será? Será? Será? Eram tantas perguntas que precisavam de
respostas... Eu queria poder voltar no passado e acertar tudo. Será que, talvez
ainda estivéssemos juntos? Eu queria poder sentir o gosto daquele beijo
novamente. Poder tocá-la sem ressentimentos. Ter aquele corpinho pequeno junto
ao meu em uma noite fria... Que monstro que eu sou! Olha o que eu fiz com ela!?
Ela não está nem agüentando ficar em pé. Como pude ter feito uma coisa dessas
com a minha pequena? Ela é tão frágil... Se acontecer alguma coisa com ela por
causa desses bebes, eu nunca vou me perdoar, só pelo fato de saber que eu fui o
grande causador de tudo.
-Toc Toc... –Dylan disse com a cabeça dentro do quarto.
–Incômodo?
-Sempre! –Disse com tom de brincadeira.
-Otário. –Entrou e sentou na beirada da cama. –Tem certeza?
-Do que? –Fechei o notebook e o fitei com seriedade.
-Do que você está fazendo? –Me fitou seriamente, e com um
tom ríspido, disse o que estava entalado em sua garganta. –Cara, só eu sei o
sufoco que a Nessa passou. Toda a humilhação e agora, pra completar a
presepada, ela está esperando dois filhos seus. Eu sei que você é o
“irmão-mais-velho”, mais está na hora de crescer né mano?
-Olha... Quem diria, o pirralho da família dando lição de
moral no “irmão-mais-velho-sem-cabeça”.
-Não foi isso que eu quis dizer... Eu só não quero ver ela
so...
-frer! –O interrompi. –Não quer vê-la sofrer. Eu sei disso.
Eu também não quero. Sabe... –Me ajeitei na cama. –Eu abusei dela cara. Olha o
estado dela!? Esses bebes estão acabando com ela. Eu a amei incondicionalmente,
sem pensar nos riscos que isso poderia trazer. Se eu perder a Vanessa para
esses bebes Dylan... Eu acho que eu morro junto.
-Cara, você acha que ela não sabe dos riscos? E você também
contratou um dos melhores médicos pra fazer o parto da Nessa... Relaxa ai
vai... –Encostou de leve em meu braço. –Na verdade, não tem risco nenhum. A
Nessa é uma mulher forte! Não subestime a coragem dela! Ela quer muito esses
filhos. Não sei o que te deu de falar assim...
-Ela é frágil. Parece que uma coisa pequena pode fazer com
que ela se quebre.
-Acredite, ela suportou a separação de vocês e
principalmente, segui em frente. Ela vai conseguir cara! Relaxa! Se eu fosse
você, aproveitaria esse tempo pra se aproximar mais dela. Os bebes não são a
únicas coisas que ainda unem vocês! Existe um amor que está ferido, mais que
ainda vive dentro de vocês! Pensa nisso! –Se levantou e foi em direção a porta.
–Ter você aqui está fazendo bem pra ela cara. Não a deixe. –E enfim saiu.
(Narração –Gina)
A minha filha parece tão feliz, mas tão triste ao mesmo
tempo. Quando estava grávida de Stella, foi o período em que mais me senti
sonzinha. Minha filha estava ali, mas o pai delas estava mais preocupado com a
bolsa de valores do que com a própria família dele. Eu sinto muito orgulho da
minha Vanessa, por ter se tornado uma mulher de fibra. Forte. Batalhadora. E
muito me surpreendeu a atitude de Zac. Criei esse menino. Nunca imaginei que ele seria o pai dos meus
netos. Não vou mentir pra mim mesma, eu já sabia que eles estavam jutos, mas
não imaginava que dessa relação, sobrasse duas crianças que estão chegando para
trazer a paz que a minha filha tanto precisa. Ela está feliz com a presença
dele, eu sinto isso. Mas também sinto que ainda existem magoas com os dois.
Então me coloquei em pensamento. A minha filha precisa de um tempo sozinha com
ele. Seria injustiça de minha parte ver isso, e não fazer nada a respeito.
Peguei o telefone, e disquei para o ramal da sala de dança que tinha em nossa
casa. De pronto, Stella atendeu ofegante.
-Filha, preciso conversar com você.
-Agora... Não posso mãe! –Disse com dificuldade. –Estou
treinando pra tentar entrar na acad...
-Stella Teodora, eu preciso
falar com você.
-Nossa, não precisa partir pra grosseria né mãe!? Estou
indo. Onde a senhora está?
-Na cozinha.
-Tá.
Eu odeio quando ela quer me questionar. Desde pequena ela
tem essa mania que me deixa um tanto nervosa.
-Fala mãe. –Apareceu na cozinha com uma toalha em volta do
pescoço, e pingando de suor.
-Filha, eu acho que precisamos tirar umas férias.
-Como assim mãe? –Sentou na banqueta a minha frente. –A
Nessa vai ganhar os bebes...
-Daqui quatro meses só. Filha, ela precisa de um tempo
sozinha com o Zac. Agente sabe disso.
-Mãe, eu não vou deixar a Nessa sozinha com esse doente aqui.
Imagina se ele faz alguma coisa com ela? Da última vez, ela quase perdeu os
bebes.
-Ela não é mais uma criança Stella. Sabemos muito bem disso.
–Abri a geladeira, peguei um saquinho com cenouras cruas, sentei a frente de
Stella e começamos a comer.
-Ela te pediu isso mãe?
-Não filha. Eu percebi isso, e vamos fazer isso por ela.
Tantos anos, ela correndo riscos por nós, por que não retribuir esse pequeno
favor?
(Narração –Nessa)
Já se passaram duas semanas depois que mamãe e Stella
viajaram para o Canadá. A principio achei muito estranha essa idéia repentina
das duas. Viajar agora? Mais deixe que fossem. Eu precisava mesmo de um tempo
com Efron. Desde que as duas partiram para o desconhecido, eu e Efron nos
víamos poucas vezes ao dia. Vez ou outra no café da manhã e a noite, quando ele
chegava em casa depois de um longo dia na empresa. Ele voltou a sua rotina de
trabalho com a desculpa de que era preciso ter o diretor na empresa. Mas na
verdade, eu sabia que era para me evitar. Ele já não dormia mais em minha casa
com tanta freqüência. E para isso, e ele também teve um desculpa: “Negócios. E
também, eu não comprei um apartamento para deixá-lo vazio.” Também, não fiz
muita questão que ficasse. Por fim, eu ficava quase o dia todo sozinha. De vez
em quando, Ashley e Ronnie, nossa amiga de infância, vinham me visitar.
Estava sentada em uma poltrona do quarto de um dos bebes,
lendo um livro de química, não sei por que eu estava lendo aquele livro, mas
foi o único que me interessou, e levei um susto com o barulho do celular
vibrando na mesinha.
-Alô?
-Oi! Tudo bem? –Disse com polidez.
-Tudo! Como está?
-Bem também. Escuta, eu gostaria de ir a sua casa hoje. Faz
tempo que não converso com os meus filhos.
-Claro! A porta da minha casa sempre estará aberta para
receber o pai dos meus filhos. –Pensei em dizer, mas não disse. Em vez disso
respondi. –Ashley estará aqui. –Menti, na esperança de ele desistir de vir até
aqui.
-Não me incomodo com ela. Mas se você quiser eu posso ir
outro dia.
-Não... Tudo bem! Pode vir! –Disse indiferente.
-Ótimo. Estarei ai então! Até mais Hudgens! –E desligou
antes mesmo que eu pudesse responder.
Será isso o inicio de uma reaproximação minha e de Efron? Eu
temia que isso não fosse tão bom quanto eu imaginava que fosse.
As horas se passaram rápidas depois disso, e só me dei conta
que já se passava das oito, quando vi Efron adentrar com o seu carro na
garagem. Me levantei e cautelosamente me
dirigi até a sala. Quando cheguei até lá, com um pouco de dificuldade, vi Efron
entrando com expressão cansada, porem um tanto feliz por estar ali.
-Boa noite.
-Boa noite. –Respondi indiferente, e com uma mão nas costas,
me senti com cautela.
-Está sendo difícil pra você não é?
-Do que você está falando Efron? –Coloquei uma perna em cima
da mesinha.
-Estar... Grávida. –Disse com um tom descontraído, mas logo
voltou a ficar serio.
-Não está sendo nada difícil. A recompensa disso tudo virá
depois. E estou muito ansiosa para que ela chegue logo. –Depois disso, o silencio reinou pela sala.
Até que quebrei o silencio. –Você veio aqui só pra ficar me olhando, ou veio
para ver os seus filhos?
-Eu acho engraçado às vezes, a forma como você age e fala. É
como se, não tivéssemos vivido nada. Não tivéssemos partilhado momentos
especiais um com o outro. –Eu fui responder mais ele foi mais rápido. –Sabe,
desde a primeira vez que fomos um do outro, literalmente, eu achava que
seriamos para sempre. Mais a minha infantilidade não deixou com que isso fosse recíproco.
Vanessa –Veio até mim, e pegou minha mão. –Eu ainda te amo. –Posicionou a mão
em cima de minha barriga. –Eu ainda quero que sejamos uma família feliz. Eu
ainda te quero de volta morena.
Demorou mais chegou! Espero que vocês tenham gostado!
Bessos!
Amo você!